Textos das aulas



Relato Aula-passeio na Reserva Cachoeirinha – GO

Aconteceu no dia 15 de novembro de 2012 uma aula-passeio na Reserva Cachoeirinha, uma RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) localizada no município de Santo Antônio do Descoberto, no estado de Goiás, próxima à BR 060 - km 6,5, do lado direito da rodovia que liga Brasília à Goiânia, cujo proprietário é o Senhor Jacy Guimarães.
Essa aula-passeio foi promovida pelo Centro Educacional 08 do Gama, Distrito Federal, uma escola pública da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEEDF.  Seus objetivos foram:
1-      Conhecer uma RPPN e a história da sua constituição.
2-      Conhecer a importância de uma reserva desta natureza para a preservação de ecossistemas em perigo de degradação ou extinção.
3-      Vivenciar o contato com a natureza.
4-      Conhecer as formas de reflorestamento utilizadas na reserva.
Participaram do evento alunos da 3ª série do Ensino Médio integrantes do projeto “Educação Ambiental nas aulas de Língua Portuguesa”, coordenado pela professora Mª do Rosário do N.R. Alves, doutoranda em Educação na Universidade de Brasília – UnB - e professora de Língua Portuguesa da SEEDF. Na ocasião, foram acompanhados ainda pela professora Eufrázia Rosa, de Língua Portuguesa, regente das turmas participantes do projeto e pela professora Cleane Ribeiro.
A saída da escola foi às 8h e a chegada ao local foi por volta das 9h.  O Senhor Jacy Guimarães acompanhou o grupo desde a escola. Na entrada da Reserva, Jacy Guimarães contou um pouco da história da constituição da RPPN, informou sobre a programação do dia, que previa: aprendizagem das formas de contenção, escoamento e reserva da água da chuva, no projeto Barraginhas; de recuperação do solo; de formação de diques, no projeto Bivar e de organização da plantação de mudas. Os alunos conheceram, além disso, formas de banheiros ecológicos adotados na reserva.
Depois que ele expôs tudo isso, ao longo de uma caminhada exploratória por cerca de 2km, os visitantes puderam conhecer a cachoeirinha, que deu nome à reserva, onde desfrutaram de um almoço compartilhado e de momentos de lazer junto à natureza. Também conheceram, próxima à cachoeira, uma mina de água mineral, onde recolheram água para ser levada à casa de Jacy Guimarães, pequena sede no centro da reserva.
Por volta das 15h, o grupo voltou à sede da reserva, onde a aula-passeio foi encerrada com uma dinâmica de avaliação das atividades do dia, momento em que foram lidos a “Oração do Cerrado” e a “Carta de um inquilino”. Nessa atividade todos tiveram a oportunidade de expor os conhecimentos adquiridos durante todo o dia, refletir sobre as mensagens dos textos e agradecer à recepção do Senhor Jacy Guimarães e a sua disponibilidade. Vários participantes ressaltaram a admiração que sentiram pelo entusiasmo e convicção com que ele defende a preservação do meio ambiente, sobretudo do cerrado e lhe fizeram votos de saúde e vida longa.
O retorno à escola ocorreu às 16h. Este foi um dia de muita aprendizagem para todos e os objetivos da aula-passeio foram plenamente alcançados.
Gama, 24 de novembro de 2012.
Professora Mª do Rosário do N. R. Alves


RESENHA CRÍTICA DO FILME AVATAR

Cameron, James. Avatar. Londres, 20th Century Fox, 2009.

1 – Credenciais
James Francis Cameron é Bacharel em Física pela Universidade da Califórnia e estudou Filosofia na Universidade de Toronto, além de diretor, produtor, roteirista e editor. Nascido no Canadá, ele e sua família se mudaram para Califórnia em 1971, o que fez com que despertasse seu interesse pelo cinema. Trabalhava como caminhoneiro e em suas horas vagas escrevia. Tempos depois decidiu largar essa vida para se dedicar a indústria cinematográfica, graças ao filme Stars Wars IV. Seu primeiro filme foi Battle Beyond the Stars. Dentre os filmes que ele já trabalhou, destacam-se: O Exterminador do Futuro (1984) e O exterminador do futuro II (1991), Aliens (1986), Titanic (1997), etc. Ganhou muitos prêmios como Oscares e Globos de Ouro.

2 – Resumo
É um filme de ficção científica escrito por James Cameron, produzido por Lightstorm Entertainment e distribuído pela 20th Century Fox. Sua première foi em Londres, no dia 10 de dezembro de 2009. Lançado em 2D, 3D e até 4D (Coréia). E nomeado a nove Oscars.
O ano em que se passa a história é o de 2154, onde mostra um conflito em Pandora entre os colonizadores humanos e os Na’vi (nativos humanóides). Estão em guerra por causa dos recursos (minério Unobtainium) e claro, a sobrevivência da espécie nativa. Os Na’vi, medindo 3 metros de altura e ossos bem reforçados, vivem em harmonia com a natureza e veneram a deusa Eywa. Os humanos não conseguem respirar na atmosfera de Pandora e não convivem bem com os nativos por não entenderem sua cultura de cuidar da natureza. Uma pesquisa, coordenada pela Dra. Grace Augustine, cria o Programa Avatar, ao quais os humanos poderão controlar mentalmente um corpo de Na’vi e assim penetrar na vida dos humanóides.
Jake Sully é um ex-fuzileiro paraplégico, que vai a Pandora atrás de dinheiro para sua cirurgia. Só entra no Programa Avatar porque seu irmão gêmeo (cientista deste programa) morre e só ele poderá ocupar seu lugar devido ao DNA ser similar, e então poderá utilizar o Avatar do seu irmão. Primeiramente, Dra. Grace não gosta da ideia porque Jake não tem experiência nem conhecimento do povo nativo. Em um dos serviços, Jake é atacado por uma criatura e se perde do grupo. Acaba sendo salvo por Neytiri (Na’vi femea). Ela decide o levar para o clã por achar que ele tem algo que o liga ao povo. A partir de então ele passa a conviver e aprende os costumes.
O coronel Miles Quaritch promete ao Jake pernas novas caso ele faça com que o povo se retire da região (Casa da Àrvore) porque há uma grande concentração do minério neste lugar. Só que Jake começa a preferir o modo de vida dos Na’vi e se relaciona com Neytiri. O coronel descobre ao ver que ele ataca as máquinas que foram mandadas para destruir a Casa da Árvore e manda desligar seu Avatar. Dra. Grace e os outros cientistas tentam convencer que não pode destruí-los. Mas não tem jeito.
Os nativos os consideram traidores e os aprisionam. E agora a guerra começa entre os militares e o povo. Muitos morrem inclusive o chefe do clã (pai de Neytiri). Nesta altura os corpos Avatar já estão desligados de novo. Uma piloto, Trudy Chacon, revoltada, acaba trocando de lado, e salva os cientistas que retornam aos corpos do Avatar. Durante a fuga, Grace é baleada e morre, nem os Na’vi conseguem salva-la, tentando transferir a alma de Grace para o Avatar.
Como Jake consegue dominar uma criatura chamada Toruk, que só foi dominada por cinco Na’vi durante toda a história desse povo, consegue a confiança de novo. E se unindo aos outros clãs entram em guerra com os humanos. Muitos outros Na’vi morrem e todos pensavam que iam ser derrotados, mas a fauna de Pandora entra em ação, graças a uma oração que Jake faz a mãe-natureza Eywa. Assim conseguem ganhar esta guerra. O coronel ainda tenta matar Jake, retirando-o da cápsula que controla os corpos dos Avatares e assim ele não podia respirar, porém Neytiri o salva após matar o coronel.
Os outros militares são expulsos e ficam somente Jake, os cientistas e a piloto. Os nativos tomam posse da fortaleza humana e a tornam sua nova casa já que a Casa da Àrvore foi destruída. Jake decide transferir sua alma para o corpo do avatar permanentemente por meio da Árvore das Almas e vira líder do clã e une-se a Neytiri e tudo volta como era antes.

3 – Crítica
Mesmo sendo um filme de ficção cientifica, ele retoma um assunto que noticia mundialmente hoje: conservação e preservação de recursos assim como também a sobrevivência das pessoas. Este filme no faz lembrar a situação que estamos vivendo hoje com a natureza. Uns tentando salvar, outros destroem sem perceber. Por isso mesmo que o James Cameron e a atriz (atuou como Dra. Grace) fizeram uma visita a Amazonia. Por outro lado, por ele ser também um filme de ficção, nos deparamos com coisas bem surreais, figuras totalmente diferentes de nossa realidade: animais, montanhas que flutuam, etc. Sem dúvida nenhuma foi um sucesso. Aguarda-se a próxima aventura.


Luiza de Asevedo Barbosa



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O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira. Rio, 27 de dezembro de 1947.

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O essencial é saber ver...

O essencial é saber ver,
mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida),
isso exige um estudo profundo,
aprendizagem de desaprender.
Eu procuro despir-me do que aprendi,
eu procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram
e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
desembrulhar-me
e ser eu.

Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa) 
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EXEMPLOS DE CARTA-MANIFESTO

1- CARTA-MANIFESTO CONTRA O ACORDO MEC-BRASIL E INSTITUTO CERVANTES

Rio Grande do Sul, 14 de setembro de 2009.

            Nós, professores de Espanhol do Rio Grande do Sul, abaixo relacionados, em apoio aos colegas das Associações de Professores de Espanhol dos demais estados brasileiros, manifestamos nossa preocupação com relação às intenções do acordo MEC/Instituto Cervantes.
              Do nosso ponto de vista, tal acordo principia e conduz a uma paulatina política de intervenção por parte desse Instituto no processo de formação dos professores de Espanhol no Brasil, fato inaceitável ao pensarmos no número considerável de instituições brasileiras que desenvolvem pesquisas e projetos na área de ensino-aprendizagem de língua espanhola. Partindo desse dado, gostaríamos de discutir alguns pontos desse acordo que nos deixam a todos, formadores de professores e professores de espanhol, profundamente apreensivos.
              Em primeiro lugar, entendemos que as atribuições do Instituto Cervantes no acordo são discutíveis no que diz respeito ao seu papel na formação de professores brasileiros e do poder que o mesmo passa a exercer, oferecendo ao aluno e ao professor um único modelo de língua e cultura, sobre o qual devemos refletir e questionar.
             Os principais aspectos ponderáveis nessa questão dizem respeito principalmente às metodologias e produtos tecnológicos de conhecimento sobre a língua e aos materiais didáticos concebidos para contextos de aprendizagem em dissonância com a realidade sócio-histórica brasileira, os quais estão em descompasso com os documentos que balizam as ações educativas e de educação linguística, tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s) e a Orientações Curriculares Nacionais (OCN´s) do Ensino Médio.
              Lembremos, ainda, que o Instituto Cervantes não tem caráter de Instituição de Formação Docente tal como preconiza a Lei de Diretrizes e Bases Brasileira (LDB), pois é meramente uma entidade de política linguística de uma nação estrangeira, a Espanha, a qual concebe a língua como um produto de consumo com alto valor econômico.
             A tentativa de resposta da Assessoria Internacional do MEC, publicada na página do Ministério, informa que o acordo trata não de formação, mas de “colaboração para utilização de metodologias para educação a distância”. No entanto, é importante ressaltar que a “mera” disponibilização do que se está chamando de ferramentas ao professor e ao aluno pressupõe o consumo de um modelo de língua e de metodologias que não foram pautados nem nos documentos oficiais produzidos pelo próprio MEC (órgão responsável por regular o ensino no Brasil desde a Educação Infantil até a Pós-Graduação) já mencionados, nem em pesquisas em Linguística e em Linguística Aplicada sobre as condições de aprendizagem dos brasileiros aprendizes de espanhol.
              Sendo assim, parece-nos que esses materiais veiculados no portal do MEC devem passar por uma rigorosa avaliação da Comissão Permanente para o Acompanhamento da Implantação do Espanhol no Sistema Educativo Brasileiro (recentemente criada, com representatividade de vários estados brasileiros), bem como pela comunidade acadêmica da área de Espanhol como um todo.
          Em segundo lugar, é importante que se promova uma discussão mais ampla entre as instituições formadoras e as secretarias estaduais e municipais de educação, uma vez que a disponibilização de qualquer recurso didático, seja ele digital ou impresso, significa a possibilidade de acesso e utilização livre como suporte em sala de aula, muitas vezes sem passar por uma devida seleção e adequação às condições de ensino da realidade escolar na qual vai ser aplicado.
            Ao refletir dessa forma, os professores do Rio Grande do Sul, tanto formadores em instituições de ensino superior, como aqueles em atuação no sistema educativo básico, desejam demonstrar sua preocupação com as consequências de colaborações dessa natureza e expressar seu repúdio aos propósitos desse acordo, principalmente pela falta de transparência de suas ações e pela falta de clareza do MEC a respeito do rol das universidades nacionais no que tange às questões acordadas, já que são essas as instituições constitutivamente engajadas no ensino, pesquisa e extensão, atuando com compromisso e legitimidade na qualificação docente e de forma articulada com as diferentes realidades sócio-culturais e regionais do país.
          Diante de todo o exposto, temos a firme convicção de que pensar o ensino de espanhol para brasileiros é um trabalho coletivo, árduo e integrado, o qual deve ser coordenado, planejado, executado e avaliado em primeira e em última instância, pelas instituições nacionais!

Obs.: A carta foi assinada por 43 professores de Espanhol.
Fonte: http://espanholdobrasil.wordpress.com/2009/09/14/carta-manifesto-contra-o-acordo-mec-brasil-e-instituto-cervantes/ (acesso em 19/06/12, com modificações).

2- CARTA-MANIFESTO CONTRA AS AÇÕES DO GOVERNO NA CRACOLÂNDIA

São Paulo, 8 de fevereiro de 2012.

           Os representantes da sociedade civil no Conselho Gestor da ZEIS 3 do projeto Nova Luz vem por meio desta se manifestar contra a Ação Integrada Centro Legal, iniciada pela PMSP e pelo Governo do Estado de SP em Janeiro de 2012. 
         Após anos de descaso frente ao problema dos dependentes químicos e à ocupação do espaço público por eles na região da Luz, o poder público optou pela pior forma possível de ‘resolver’ um problema de tamanha complexidade, do dia para a noite, através de uma operação ‘espanta mosca’, de ‘dor e sofrimento’ não só aos usuários do crack, mas a todos os moradores, comerciantes e usuários do centro de SP. 
            A violência da força policial ao agredir os dependentes químicos, a ‘procissão do crack’ pelo centro da cidade provocada pela estratégia de expulsão dos usuários e a guerra urbana que se instaurou com a ação policial são apenas algumas das consequências de uma política equivocada, ingênua e desastrosa. Esta medida tem gerado ainda ameaças aos moradores e comerciantes de roubo, de incêndio às lojas, além de toda sujeira “sanitária” gerada pela peregrinação dos viciados a diferentes locais na área. 
           Conforme já registrado por inúmeros especialistas, o enfrentamento ao crack precisa dar-se através de uma ação integrada entre saúde pública, acompanhamento social e combate ao tráfego, em um processo a longo prazo, que não se resolverá de imediato com uma ação de fundo eleitoreira impulsionada por um projeto imobiliário. 
            Essa ação, iniciada às vésperas do lançamento do edital da licitação do projeto Nova Luz, evidencia mais uma vez que os problemas urbanos da cidade de São Paulo têm sido guiados pelo interesse imobiliário, pelas expectativas de lucro que o território urbano pode gerar e pelas aspirações políticas de seus governantes. 
           Nós, representantes da sociedade civil neste Conselho Gestor, tentamos por inúmeras vezes inserir na pauta de debate do projeto Nova Luz a situação dos dependentes químicos e o problema da Cracolândia. 
          Essa tentativa foi minada pelo poder público sob a justificativa de que um projeto urbanístico não pode resolver um problema de saúde pública. Contudo, todas as ações e omissões em relação aos dependentes químicos presenciadas até então estão intimamente relacionadas com a agenda do projeto Nova Luz, que o poder público pretende viabilizar antes do fim do mandato da atual gestão municipal. 
            Sendo a Prefeitura o principal órgão administrativo da cidade de São Paulo, pedimos, em caráter de urgência, um Projeto Social realmente eficaz de amparo aos viciados, seguido de ação imediata, que possa conter futuros atos de violência como os que têm ocorrido em reação à força policial implantada, antes que se inicie uma verdadeira “guerra”, já que o clima de tensão existente hoje é o mesmo de uma “bomba sem pino”. 
         Registramos aqui o repúdio da sociedade civil perante a agressão aos direitos humanos e à vida urbana que tem se repetido intensamente na cidade de São Paulo nos últimos anos e chegou ao limite do absurdo no último mês. Atenciosamente, Representantes da Sociedade Civil no Conselho Gestor da ZEIS 3 – C016 Sé.

Fonte: http://www.spressosp.com.br/2012/02/sociedade-civil-divulga-carta-manifesto-contra-acao-na-cracolandia/ (ACESSO EM 19/06/12, com modificações).

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Exemplo de Relatório


UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - 3ª FASE
DISCIPLINA: Zoologia I
PROFESSOR: Salomão Romam da Silveira
ACADÊMICOS: Etel de Oliveira, Jânia Aparecida Macedo, Marinela Raupp Cechinel, Renata Coelho Rodrigues,Rosa Helena Vignali, Sirlei Romagna, Sônia Aparecida Pereira.

Introdução/apresentação:

O presente trabalho relata a saída de campo para a Serra Geral, onde se localiza o Parque Nacional Aparados da Serra, situado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul no dia 19 de novembro de 2000. Os objetivos foram: conhecer o lugar observando todo o ecossistema existente; coletar material dos rios e solos; medir a temperatura do ar, solo e água em diferentes lugares no Parque; observar alguns tipos de rochas. Foram observados alguns cânions, cascatas, rios, trilhas, vegetação, enfim tudo que compõe o ecossistema.
Percorremos duas trilhas. Na trilha do Cotovelo fomos acompanhados de um guia, a na trilha do Vértice fomos acompanhados pelo professor Salomão, da disciplina Zoologia I.
Ao longo da viagem,o professor Salomão nos dava explicações diversas, tanto de sua área específica, como também referentes às rochas encontradas ao longo do percurso pela serra.

Desenvolvimento:
            Ao chegarmos ao Parque Nacional de Aparados da Serra, recebemos um manual de como nos comportar durante nossa visita ao Parque. Recebemos também um folderes mostrando os mapas das principais trilhas, cânions, cascatas, enfim, uma noção geral da estrutura e das atividades do Parque. Logo então a turma foi dividida em grupos e distribuídos os materiais para podermos fazer as coletas e para auxiliar melhor na observação de pequenas coisas que poderíamos encontrar durante a caminhada pelas trilhas.
No centro de visitantes do Parque, observamos um mostruário de várias rochas encontradas na região.
Antes de começarmos a caminhada, assistimos há uma fita de vídeo para obtermos maiores informações sobre o local e para termos uma noção geral de como está localizado e estruturado o Parque Nacional de Aparados da Serra. Onde foi possível observar que o mesmo, foi criado em dezembro de 1959, localiza-se a 186 Km de Porto Alegre, com latitude Sul de 29,15º - 29,05º; Oeste de 50,00º - 50,15º e temperatura de –8ºC a 36ºC. Possui uma área perímetro de 63 km de hectares.
Encontra-se em sua vegetação: floresta araucária (ex: pinheiro), nebular (mata baixa repleta de musgos), gramíneas, urtigão e esse último concentra umidade (água).
Sua fauna é variada, incluindo: gralhas-azuis, papagaios-do-peito-roxo, inhambuguaçus, jacus, beija-flores, tucanos-de-bico-verde, gambás, cotias, macacos prego, macacos bugius, graxains, perdizes, codornas, quero-queros, curicacos, pumas, jaguatiricas,lobos-guará.
A turma foi dividida em três grupos. Cada qual seguiu na Trilha do Cotovelo acompanhado de um guia credenciado chamado Rodrigo Roldão da Rosa.
Durante a trilha observamos o rio Arroio dos Perdizes, sendo que sua nascente é na Serra Geral, passando no Parque Aparados da Serra, um afluente do rio Mampituba, desembocando no mar. Neste arroio fizemos coleta de água.
Observamos várias bromélias da família das Bromeliáceas que vivem sobre galhos de árvores, que as utilizam como suporte, sem delas nunca depender em seu sistema alimentar. Não sendo parasitas, as bromélias, monocotiledôneas, parecem extrair nutrientes do ar, da poeira e de eventuais bactérias.
           Quando passamos pelo Arroio Preá, medimos a temperatura da água  que estava com 16ºC. No decorrer da trilha o guia nos explicou que a mais ou menos 100 anos a economia da região girava em torno da comercialização da araucária, quase a extinguindo, ficando apenas aproximadamente 5 exemplares que se localizam em lugares de difícil acesso. A proliferação da araucária só é possível devido à cadeia alimentar, pois a gralha azul e a capivara fizeram o reflorestamento em através do pinhão que eles guardavam para se alimentar.
Em um determinado ponto da trilha, observamos uma área de estudo do biólogo da PUC do Rio Grande do Sul chamado Rodrigo da Cunha, que está estudando sobre a Abelha Monoeca Xanthopyga Anthophoridac. Ele ressaltou que essas abelhas vivem de 8 a 9 meses hibernando no solo, no qual formam galerias. Em alguns pontos da trilha, devido a compactação do solo, criou-se uma concentração de água e vegetação de habitat aquático como: junco (família das ciperáceas e juncáceas), margarida silvestre e outras. Também as vegetações que não se adaptaram a água como as araucárias que morreram.
Na Trilha do Vértice, percorrendo a beirada do Cânion do Itaimbezinho, observamos as lindas quedas d’água da Cascata das Andorinhas, formada na escarpa do Cânion do Itaimbezinho, onde deságua o Arroio dos Perdizes. Sob a cachoeira, um vão nas rochas permite que as andorinhas vivam ali, entrando e saindo através das águas durante o dia.

Conclusão:
O Parque Nacional Aparados da Serra é, sem dúvida, um lugar privilegiado por sua flora, fauna, rochas, cânions, cascatas, trilhas, preservação, enfim um ecossistema incomparável.
A Mata Atlântica, as Matas Araucárias e os Campos são os ecossistemas aí representados, que esbanjam uma beleza maravilhosa e atraente por seus vales escavados pelos rios em gargantas ou cânions.
Acreditamos que a viagem alcançou o objetivo, sendo que a água coletada será analisada por nós acadêmicos e remeteremos o resultado da análise ao biólogo responsável pelo Parque Nacional de Aparados da Serra, que nos autorizou a coleta da mesma.

FONTE: http://www.sul-sc.com.br/afolha/pag/aparatos2.htm (acesso em 20/06/12, com modificações).

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Discurso de Severn Cullis Suzuki na Rio-92
                                                                                                                                                                
Olá! Sou Severn Suzuki. Represento a ECO – a organização das crianças em defesa do meio ambiente. Somos um grupo de crianças canadenses, de 12 a 13 anos, tentando fazer a nossa parte: contribuir. Vanessa Suttie, Morgan Geisler, Michelle Quigg e eu. Todo o dinheiro que precisávamos conseguimos por nós mesmos. Viemos de tão longe para dizer que vocês, adultos, têm que mudar o seu modo de agir.
Ao vir aqui hoje, não preciso disfarçar meu objetivo: estou lutando pelo meu futuro. Não ter garantia quanto ao meu futuro não é o mesmo que perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores.
Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender as crianças com fome, cujos apelos não são ouvidos.
Estou aqui para falar em nome de incontáveis animais morrendo em todo o planeta, porque já não têm mais lugar para onde ir.
Não podemos mais permanecer ignorados. Hoje tenho medo de tomar sol por causa dos buracos na camada de ozônio; tenho medo de respirar esse ar porque não sei que substâncias químicas o estão contaminando. Eu costumava pescar em Vancouver com meu pai, até o dia em que pescamos um peixe com câncer. Temos conhecimento de que animais e plantas estão sendo destruídos a cada dia e estão em vias de extinção.
Durante toda a minha vida eu sonhei ver grandes manadas de animais selvagens, selvas, florestas tropicais repletas de pássaros e borboletas, mas agora eu me pergunto se meus filhos vão poder ver tudo isso.
Vocês se preocupavam com essas coisas quando tinham a minha idade?
Todas essas coisas acontecem bem diante dos nossos olhos e, mesmo assim, continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções.
Sou apenas uma criança e não tenho as soluções, mas quero que saibam que vocês também não têm. Vocês não sabem como reparar os buracos da camada de ozônio. Vocês não sabem como salvar os salmões de águas poluídas. Vocês não podem ressuscitar os animais extintos. Vocês não podem recuperar as florestas que um dia existiram, onde hoje é deserto. Se vocês não podem recuperar nada disso, então, por favor, parem de destruir!
Aqui vocês são os representantes de seus governos, homens de negócios, administradores, jornalistas ou políticos. Mas na verdade são mães e pais, irmãos e irmãs, tias e tios, e todos também são filhos. Sou apenas uma criança, mas sei que todos nós pertencemos a uma sólida família de 5 bilhões de pessoas, e ao todo somos 30 milhões de espécies compartilhando o mesmo ar, a mesma água e o mesmo solo. Nenhum governo, nenhuma fronteira poderá mudar essa realidade.
Sou apenas uma criança, mas sei que esse problema atinge a todos nós, e deveríamos agir como se fôssemos um único mundo, rumo a um único objetivo. Apesar da minha raiva, não estou cega; apesar do meu medo, não sinto medo de dizer ao mundo como me sinto. No meu país, geramos tanto desperdício, compramos e jogamos fora, compramos e jogamos fora, e os países do Norte não compartilham com os que precisam. Mesmo quando temos mais do que o suficiente, temos medo de perder nossas riquezas, medo de compartilhá-las.
No Canadá, temos uma vida privilegiada, com fartura de alimentos, água e moradia. Temos relógios, bicicletas, computadores e aparelhos de TV. Há dois dias, aqui no Brasil, ficamos chocados quando estivemos com crianças que moram nas ruas. Ouçam o que uma delas nos contou: “Eu gostaria de ser rica, e se fosse daria a todas as crianças de rua alimentos, roupas, remédios, moradia, amor e carinho.” Se uma criança de rua, que não tem nada, ainda deseja compartilhar, por que nós, que temos tudo, somos ainda tão mesquinhos?
Não posso deixar de pensar que essas crianças têm a minha idade e que o lugar onde nascemos faz uma grande diferença. Eu poderia ser uma daquelas crianças que vivem nas favelas do Rio. Eu poderia ser uma criança faminta da Somália. Uma vítima da guerra do Oriente Médio. Ou uma mendiga da Índia.
Sou apenas uma criança, mas ainda assim sei que se todo o dinheiro gasto nas guerras fosse utilizado para acabar com a pobreza, para achar soluções para os problemas ambientais, que lugar maravilhoso a Terra seria!
Na escola, desde o Jardim da Infância, vocês nos ensinaram a sermos bem comportados. Vocês nos ensinaram a não brigar com os outros, a resolver as coisas de forma adequada,  a respeitar os outros, a  arrumar nossas bagunças, a não maltratar outras criaturas, a dividir e  não ser mesquinho. Então, por que vocês fazem justamente o que nos ensinaram a não fazer?
Não esqueçam o motivo de estarem assistindo a estas conferências, e para quem vocês estão fazendo isso. Vejam-nos como seus próprios filhos. Vocês estão decidindo em que tipo de mundo nós iremos crescer. Os pais devem ser capazes de confortar seus filhos, dizendo-lhes: “Tudo ficará bem. Estamos fazendo o melhor que podemos”. Mas não acredito que possam nos dizer isso. Será que estamos na sua lista de prioridades?
Meu pai sempre diz: “Você é aquilo que faz, não aquilo que você diz”. Bem, o que vocês fazem, nos faz chorar à noite. Vocês adultos nos dizem que nos amam. Eu desafio vocês. Por favor, façam as suas ações refletirem as suas palavras. Obrigada.

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Carta das Responsabilidades para o Enfrentamento
das Mudanças Ambientais Globais

Somos jovens estudantes de diferentes regiões do Brasil na III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente. Pequenos guerreiros da paz com o mesmo propósito e o mesmo desejo: cuidar do Brasil, mobilizando a população brasileira sobre as mudanças ambientais globais.

Reconhecemos o panorama ambiental nacional e nos comprometemos a lutar e defender o meio ambiente, não apenas buscando o conhecimento e o entendimento, mas também realizando ações para minimizar os problemas causadores de impactos ambientais.

Para isso, junto com milhares de escolas e comunidades em todo o país, assumimos as seguintes responsabilidades:
1. Preservaremos as nascentes e margens dos rios, protegendo as matas ciliares existentes e recuperando as que estão degradadas.
2. Praticaremos e promoveremos os 5”R”: refletiremos sobre os processos de produção desde a matéria prima até a distribuição e o descarte; recusaremos produtos que causem danos ao meio ambiente e à nossa saúde; reduziremos o consumo e a geração de lixo; reutilizaremos, sempre que possível e reciclaremos, quando necessário.
3. Sensibilizaremos e estimularemos as escolas e comunidades para que economizem energia e utilizem fontes limpas, econômicas, acessíveis e renováveis.
4. Distribuiremos e plantaremos mudas e sementes para arborizar nossas escolas, ruas e comunidades.
5. Diminuiremos o uso de sacolas plásticas e adotaremos as biodegradáveis, reutilizáveis e embalagens retornáveis na nossa comunidade.
6. Junto com a comunidade escolar, denunciaremos as queimadas, as irregularidades do lixo urbano e qualquer ação que degrade o meio ambiente, propondo, quando necessário, ações corretivas aos órgãos competentes.
7. Somaremos esforços e experiências, repensaremos os modos de utilização da água e desenvolveremos novos valores e atitudes sustentáveis no cotidiano.
8. Mostraremos à comunidade a importância de reduzir os transportes poluentes, incentivaremos e cobraremos o investimento do governo em transporte público ecológico, assim minimizando a emissão de gases que intensificam o aquecimento global.
9. Disseminaremos conhecimentos para que os estudantes e a comunidade protejam e conservem o planeta, sensibilizando-os sobre as consequências do aquecimento global e sobre as possíveis soluções.

Nós, jovens brasileiros estamos unidos e contribuindo para cuidar do planeta. Esse é o nosso compromisso. Pedimos o total apoio da sociedade brasileira: autoridades, poder público, movimentos sociais, ONGs, escolas e comunidades para que essas responsabilidades sejam cumpridas.
Vamos cuidar do Brasil? Junte-se a nós!


Luziânia/GO, abril de 2009.

(Documento final da  III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente:  Vamos Cuidar do Brasil)
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Música: Humanos, de Gonzaguinha

Nós não somos bichos,
Nós não somos animais (bis)
Nós não somos feras,
Nós não somos bestas,
Nós não somos animais,
Somos não.
Temos inteligência,
Temos raciocínio,
Temos lucidez,
ou não.
Destroçamos tudo,
Devastamos tudo,
Destruímos tudo
Nós matamos,
Nos matamos,
Nós não somos bichos,
Claro que somos piores.
Somos humanos
Nós não somos bichos,
Nós não somos animais (bis)
Nós não somos feras selvagens
Nós não somos bestas selvagens
Nós não somos animais selvagens
Somos não (bis)
Temos inteligência, somos humanos
Temos raciocínio, somos humanos
Temos lucidez, somos humanos
ou não
Destroçamos tudo, nós destruímos
Devastamos tudo, nós destruímos
Destruímos tudo, claro que nos destruímos
Nós matamos por nada,
Nos matamos por nada,
Nós não somos bichos,
Claro que somos piores
Somos humanos.
Nós não somos bichos,
Nós não somos animais, (bis)
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Carta do Chefe Seattle

Em 1854, "O Grande Chefe Branco" em Washington fez uma oferta por uma grande área de território indígena e prometeu uma "reserva" para os índios. A resposta do Chefe Seattle, aqui reproduzida na íntegra, tem sido considerada uma das declarações mais belas e profundas já feitas sobre o meio-ambiente:



Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A ideia é estranha para nós. Se nós não somos donos do frescor do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los?


Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo. Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.  A energia que flui pelas árvores traz consigo as memórias do homem vermelho.


Os mortos do homem branco se esquecem da sua pátria quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da Terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, estes são nossos irmãos. Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, todos pertencem à mesma família.


Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugar onde poderemos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Então vamos considerar sua oferta de comprar a terra. Mas não vai ser fácil. Pois esta terra é sagrada para nós.


A água brilhante que se move nos riachos e rios não é simplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é o sangue sagrado de nossos ancestrais. Se nós vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é sagrada e vocês devem ensinar a seus filhos que ela é sagrada e que cada reflexo do além na água clara dos lagos fala de coisas da vida de meu povo.


O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai. Os rios nossos irmãos saciam nossa sede. Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra para vocês, vocês devem se lembrar de ensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos, e de vocês, e consequentemente vocês devem ter para com os rios o mesmo carinho que têm para com seus irmãos.


Nós sabemos que o homem branco não entende nossas maneiras. Para ele um pedaço de terra é igual ao outro, pois ele é um estranho que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa. A Terra não é sua irmã, mas sua inimiga e quando ele a vence, segue em frente.


Ele deixa para trás os túmulos de seus pais e não se importa.
Ele sequestra a Terra de seus filhos e não se importa. O túmulo de seu pai e o direito de primogenitura de seus filhos são esquecidos. Ele ameaça sua mãe, a Terra, e seu irmão, do mesmo modo, como coisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes. Seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto. Não sei. Nossas maneiras são diferentes das suas.


A visão de suas cidades aflige os olhos do homem vermelho. Mas talvez seja porque o homem vermelho é selvagem e não entende. Não existe lugar tranquilo nas cidades do homem branco. Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ou o ruído das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo. A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos.
E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa. Sou um homem vermelho e não entendo.


O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ou perfumado pelos pinheiros. O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo hálito. O homem branco parece não perceber o ar que respira.Como um moribundo, há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.


Mas se vendermos nossa terra, vocês devem se lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritos com toda a vida que ele sustenta. Se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento que é adoçado pelas flores da campina. Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.


Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não entendo de outra forma.  Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os matou da janela de um trem que passava. Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fuma pode se tornar mais importante que o búfalo, que nós só matamos para ficarmos vivos. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão do espírito. Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem. Todas as coisas estão ligadas.


Vocês devem ensinar a seus filhos que o chão sob seus pés é as cinzas de nossos avós. Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terra é rica com as vidas de nossos parentes. Ensinem aos seus filhos o que ensinamos aos nossos, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontece a Terra, acontece aos filhos da Terra. Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos. Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem – o homem pertence a Terra. Isto nós sabemos.


Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas. O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela. O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de amigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.Podemos ser irmãos, afinal de contas. Veremos.


De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejam possuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo. Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para com o homem vermelho quanto para com o branco. A Terra é preciosa para Ele e danificar a Terra é acumular desprezo por seu criador.


Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos. Mas em seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade, queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e para algum propósito especial lhes deu domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando os búfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantos secretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens, e a vista das montanhas maduras manchadas por fios que falam. Onde está o bosque? Acabou. Onde está a águia? Acabou. O fim dos vivos e o começo da sobrevivência.”


(Extraído de The Irish Press, sexta-feira, 4 de junho de 1976. Acesso em 17/05/2012: http://rizomas.net/polemicas/81-a-carta-do-chefe-seattle-ao-presidente-franklin-pierce-realmente existiu.html; com modificações)




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